sábado, 7 de janeiro de 2012

Cap I - Ossos do Ofício


Não é engraçado como às vezes parece que a cegonha de pirraça deixou você na casa errada? Meu sonho desde pequena era ser capitã da Ga.So (Garantia de Sobrevivência), viajar por todo o universo, lutar bravamente, etc, mas tudo que consegui foi um emprego furreca na MDVC (Meu Deus Vamos Cair).
Minha vida não é tão ruim assim, …, tá bom é sim, é horrível. Moro num planeta menor que Plutão. As quatro luas ao seu redor cobrem o pontinho que chamamos de “lar doce lar”, e ele é tão longe de qualquer coisa (duas estrelas depois do universo conhecido) que só chega lá quem sai de lá pois sabe que ele existe. A minha casa, bom ,dá pra mim, o que é essencial pois desde que meu pai e minha irmã foram mortos pelos piratas da areia, vivo sozinha. Meu companheiro inseparável, Sherp (dizem que é um cachorro) e eu. Ele é verde e tem lindo olhos cor-de-abóbora. Quando comprei ele pensei que era um furão, mas quando cheguei na rua ele latiu e correu atrás do gato da vizinha, então fizemos uma votação e foi decidido, é um cachorro.
Não tenho muito o que fazer aqui. Trabalho o dia todo, que tem quatro horas(não demora muito para Pompéia dar a volta completa ao redor de si mesma), quando chego em casa ligo para o disk-grugutu, como sem olhar para não vomitar e vou dormir.
Meu trabalho não gasta muito o físico mas em compensação a mente chega aos pedaços em casa pois fico pensando o tempo todo: “ será que é dessa vez que cai?”. Nos finais de semana Shire, Dinah (minhas melhores amigas) e eu vamos ao Shopping Central, na verdade o único que tem, para ver as novidades. No fim de semana retrasado vimos uma tiara com água e areia brilhante dentro e achamos o máximo. Compramos duas cada uma, mas quando fiz uma ponte espacial para Críon, um planeta perto do nosso, soube que essa tiara era moda três verões atrás.
A propósito, meu nome é Kayra, sou uma típica adolescente de 51 anos, de cabelos azuis e olhos pretos. Sou mediana; 1,62 metros de alturas, e 55kg, sou o tipo de menina que todos olham e dizem.”O que importa é que tem saúde” mas as meninas insistem em dizer que o meu futuro é grande.
A minha mãe era apaixonada pela Terra, afinal ela era de lá. Saiu de lá quando tinha 22 anos ( idade da Terra ) pois o pai dela que era um cientista teve que fujir para não dizer qual o segredo para fazer a bomba atômica, dizem que acharam um trouxa chamado Albert que deu umas dicas, mas acabou se arrependendo profundamente. Ele fez contato com o povo de Átikan o que causou grande surpresa pois até aquele momento todos pensavam que não havia vida inteligente na Terra. Depois dele outros descobriram os “ETS”, como eles chamavam, o que fez com que a Terra entrasse no circulo de comércio e turismo do sistema Gátaca (que antes tinha nove planetas descobertos e se chamava sistema solar).
Quando chegou a Átikan, minha mãe demorou para se adaptar. Passou dois anos para começar a se misturar com os Átikianos, foi ai que conheceu meu pai, foi ai que conheceu meu pai, e depois de um tempo, resolveram se casar.
Até hoje não sei exatamente o que minha mãe viu nele, ela insistir em dizer que foi o jeito singular que ele tinha quando pegava moscas com a língua, eu prefiro dizer que até que ele era simpático.
Tudo ia bem até que quando eu fiz 2 anos Atikianos ( 6 em pompéia) os terraqueos descobriram meu avô lá e o mataram como vingança. Depois diso minha mãe ficou deprimida e por não comer nada ficou doente e morreu.
Foi difícil para meu pai cuidar de mim (2 anos) e de Karem (2 meses). Ele resolveu ir para um lugar mais calmo, e exagerou um pouco na dose, nos trouxe para Pompéia onde o jornal só tem uma linha escrito “O mesmo de ontem”.
Quando completei 45 anos (15 na terra) a minha vila foi assaltada pelos piratas de areia e muitos morreram, inclusive meu pai e minha irmã. Desde então vivo tentando ficar longe das lembranças ruins.